terça-feira, 22 de julho de 2014

O Índigo

Diz-se que a mais de 700 anos atrás, em uma de suas viagens ao vale do Indo, Marco Polo reparou o uso da cor azul, e assim a nomeou de índigo, mal sabendo que a coloração já era muito requisitada e valiosa em outras partes do mundo, tal como o sudeste da Ásia e na África. Também conhecido como anil, ou mais popularmente, azul, o índigo não é comum em plantas, porém pode ser encontrado em raras espécies da família das leguminosas. Uma delas é a Indigofera tinctoria, planta que alcança até 1,80m e é encontrada em áreas de clima tropical e subtropical. Outra espécie fonte da matéria corante índigo é uma das mais antigas plantas corantes da Europa, conhecida como Isatis tinctoria e mais comum em regiões de clima temperado.
Indigofera tinctoria

Apesar da possibilidade da extração dessa tonalidade, as plantas que possuem tal qualidade para retirada desse corante não são visivelmente azuis. A descoberta do índigo se deu por folhas das plantas que acidentalmente ensopadas de urina ou coberta por cinzas e depois deixadas para fermentar liberaram tal coloração.
A explicação para tal fenômeno é indicã - uma molécula que contém uma unidade de glicose associada que está contida em todas as plantas que produzem o índigo. A indicã por si só é incolor, é após a fermentação numa substância alcalina que a unidade de glicose se rompe, formando assim a molécula de indoxol, que reagindo com o oxigênio do ar produz a indigotina, que possui tonalidade azul ou índigo, como pode-se observar na reação representada a seguir:

Por séculos o índigo foi fabricado nessas condições. Só em 1865, o químico alemão Johann Friedrich Wilhelm Adolf von Baeyer começou sua investigação sobre o corante índigo e em 1880 foi descoberta uma forma de produzir o corante sinteticamente a partir de materiais facilmente obtidos, porém seu comércio não era viável.
Primeira síntese do índigo por Baeyer

Após 17 anos, uma nova forma de obter o índigo sintético permitiu a comercialização do corante pela empresa alemã Badische Anilin und Soda Fabrik (BASF), gerando grande declínio na indústria de índigo natural, que hoje em dia é usado para tingir jeans devido ao seu poder de fixação baixo, uma vez que a coloração é aplicada no tecido e depois desbota facilmente até atingir a tonalidade desejada.
O índigo já foi adotado de diversas maneiras diferentes e com diferentes significados na sociedade. Pela dificuldade de encontrá-lo, o azul já foi destinado a temas nobres, assim como já foi destinado aos trajes dos servos, uma vez que o vermelho era a cor da nobreza. Também já foi associado aos bárbaros pelos romanos durante a Antiguidade.

Apesar de não ser uma cor representativa no mundo da moda atualmente, o índigo está presente no dia a dia das pessoas, não somente pelos descontraídos e práticos shorts e calças jeans. Mas também por ser uma cor representativa da tranquilidade, do céu e do mar, da paz.                                                        

0 comentários:

Postar um comentário