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A produção e exportação do corante começou por volta de 1.200 a.C., impulsionado pela expansão da Fenícia no Mediterrâneo. No século III a.C., púrpura de Tiro chegava a ser mais valiosa do que o ouro, pois somente um quilo custava três vezes o salário anual de um padeiro romano, e estima-se que eram necessários nove mil moluscos para produzir uma grama de púrpura Tiro.
Assim, a cor púrpura era frequentemente associada às ideias de realeza, riqueza e honra e, em algumas culturas, seu uso era restringido por lei ao rei ou imperador, como, por exemplo, em um decreto imperial na Roma antiga em que uma pessoa "comum" era considerada culpada de alta traição por vestir um traje completo tingido de púrpura da melhor qualidade. Desta forma, tem-se outro nome para esse corante, púrpura real, assim como a expressão "nascido para a púrpura", a qual indica origem real, aristocrática.
A púrpura de Tiro pode ser obtida do muco secretado por certos moluscos, normalmente do gênero Murex - principalmente o brandaris, encontrados em diversas regiões ao longo da costa do Mediterrâneo. Os tons do corante podiam variar, dependendo do exato local de onde foram encontrados os moluscos.
Quimicamente falando, o corante é o derivado dibromo do índigo, ou dibromoíndigo, uma molécula de índigo contendo dois átomos de bromo. Assim como na planta índigo, o composto secretado pelo molusco está associado a uma unidade de glicose e sua cor brilhante só se revela a partir da oxidação no ar.
Para obter a matéria corante, a concha dos moluscos era quebrada e, com uma faca afiada, uma pequena glândula era extraída. Então, o tecido era saturado com uma solução tratada obtida dessa glândula e depois exposto ao ar, a fim de que a cor se revelasse. Inicialmente, a tintura conferia ao tecido um tom amarelado claro, depois, gradualmente, se tornava azul e, finalmente, chegava ao púrpura intenso.
Na mitologia, acredita-se que o descobrimento da cor se deu pelo herói grego Hércules, ao notar que a boca de seu cão havia ficado intensamente manchada de púrpura ao morder alguns moluscos, mas, embora os gregos fossem os clientes originais, foram os romanos que se tornaram fãs da cor púrpura.
A cor era, como já dito, sinônimo de riqueza, status, e estava presente nas túnicas dos senadores romanos, da nobreza e reis europeus e, até, dos faraós egípcios. Devida à grande procura, antes de 400 d.C., já estavam ameaçadas de extinção as espécies de moluscos que a originavam.
Somente no final do século XIX, com a produção do índigo sintético, foi produzida sinteticamente a púrpura de Tiro, embora outras tinturas púrpura a tenham superado, as quais são compostos orgânicos coloridos incorporados às fibras têxteis, nos quais a estrutura molecular destes permite a absorção de certos comprimentos de onda de luz do espectro visível. Porém, a cor que vemos depende dos comprimentos de onda da luz visível que é refletida.
Os povos nativos do México, principalmente os Mistecas, também utilizavam muito a cor púrpura. Eles tingiam os tecidos com uma excreção de um molusco chamado Purpura patula pansa, relacionado com um molusco usado pelos tírios. Porém, diferente dos tírios e romanos, os mistecas extraíam o corante sem matar os moluscos, apenas soprando o molusco para fazê-lo liberar líquido e depois devolviam-no ao mar. Também, não extraíam dos moluscos na época de reprodução, fazendo com que a população de moluscos se preservasse até hoje.
REFERÊNCIAS:
Os botões de Napoleão - Burreson, Jay.
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